Fechar rádios comunitárias é, no mínimo, uma violência contra a liberdade de expressão, e significa, portanto, a continuidade histórica de discriminação e cassação de um direito primevo do povo brasileiro. Trata-se, como foi visto, de uma orientação política estabelecida ao longo do
tempo, mantida até hoje pelos três poderes da República - cada qual, ao seu modo, tem agido neste sentido.
Relatório da Ouvidoria da Anatel do segundo semestre de 2002 reconhece que está havendo uma discriminação - a repressão só atinge os pobres: "a fiscalização de radioemissão é proporcionalmente elevada em relação à mesma atividade desenvolvida perante às operadoras de telefonia". Aliás, este mesmo relatório observa que a Anatel, desde sua criação, em 1997, não conseguiu obter um centavo de multa das operadoras de telefonia por descumprirem a legislação e não oferecerem um serviço digno à população.