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Esquerda da luta pela democratização da mídia é acéfala e sem memória no que tange o Rádio DigitalA pouco tempo atrás ocorreu o III Seminário de Legislação e Direito à Comunicação promovido pela Amarc (Associação Mundial de Rádios Comunitárias). Uma reportagem sobre a discussão que ocorreu por lá sobre rádio digital pode ser lida em: Digitalização pode ser ruim para pequenas emissoras Esse texto, dentre outras coisas, descreve discussões que foram colocadas no evento: "Quais são os modelos de rádio digital em teste no Brasil? O que eles podem oferecer? Quais as vantagens e desvantagens de cada um deles? O que a sociedade deve exigir?" Bom, parece-me que esse pessoal que fala de comunicação no Brasil, entende muito pouco dessa área (ou eu que sou ingênuo, e eles estão defendendo interesses que não estão ao meu alcance) e pouco consegue lembrar do que ocorreu com a escolha do padrão de cores da TV analógica (PAL-M), e mais recentemente com relação a escolha do padrão de TV Digital. Um ponto que defendo é que não existe sentido no desenvolvimento de padrões de transmissão de rádio e TVs incompatíveis no mundo. Por exemplo, peguemos todos os grandes padrões de TV analógica que existem no mundo: NTSC, PAL e SECAM - para quem assiste, a experiência é exatamente a mesma. Peguemos os padrões de TV Digital - ATSC, DVB, ISDB - salvo pequenas diferenças, para quem assiste, a experiência continua sendo a mesma. Onde quero chegar é que a proposta que é colocada por essa esquerda sobre discutir um sistema brasileiro de rádio digital, que use técnicas de transmissão aqui desenvolvidas - não tem sentido! Lembre-se da escolha do padrão PAL-M para o sistema de cores da TV analógica na década de 60 pelo governo militar, que deixou o Brasil isolado tecnologicamente e tornou necessário o uso contínuo de transcievers para equipamentos vindos do exterior (e mesmo para os fabricados aqui, a partir da década de 90, quando o padrão começou a morrer). Naquela época outros interesses estavam em jogo, como reserva de mercado e a criação de incompatibilidade com países vizinhos, devido a disputa de poder político do contexto. Testes com os sistemas HD Radio vem sendo realizados desde 2005, e testes mais profundos com o DRM, desde 2009. Deve ser apoiado um padrão de rádio digital que seja aberto, que seja aberto a incorporar novas tecnologias que se adequem a realidades locais, e que seja utilizado mundialmente - e é exatamente isso que o DRM - Digital Radio Mondiale (padrão e consórcio) proporciona ao Brasil e ao mundo. Na reportagem é citada uma fala de Takashi Tome: “Não podemos defender um sistema ou outro. Devemos agora colocar as nossas demandas e desejos e exigir que sejam atendidos”. Como assim não podemos defender um sistema ou outro?!?!?!?!?!!? Acontece que com essa posição de não tomar posição, um grande erro se comete - as grandes empresas de comunicação já decidiram apoiar o HD Radio. O HD Radio é um padrão que ocupa 4 vezes mais espaço no espectro eletromagnético com relação ao DRM, na faixa que é hoje do FM, ou seja, será diminuido o número de rádios possíveis nesse padrão com relação ao que se tem hoje. Com o DRM, se ocupa metade da largura de banda usada hoje no FM, ou seja, no mínimo se duplicaria o número de rádios, e digo no mínimo pois em cada canal DRM pode-se ter 4 serviços de audio, ou seja, potencialmente poderia-se multiplicar por 8 o número de rádios com o padrão DRM somente na faixa do FM (e nesse esquema 4 rádios poderiam compartilhar um sistema de emissão somente). Na faixa de Ondas Médias e Ondas Curtas, o panorama é ainda mais favorável ao DRM, que apresenta a mesma largura de banda do AM (na configuração mais usada), enquanto o HD Radio ocupa de 2 a 3 vezes mais espaço que uma transmissão AM comum (isso em Ondas Médias). Em Ondas curtas, o HD Radio não é definido e já o DRM teve como principais motivações de sua criação a digitalização dessa faixa... No campo da defesa pura e simples da digitalização do Rádio, independente do padrão, já que isso é uma característica comum dos sistemas de transmissão digitais, é possível ter uma mesma área de cobertura utilizando mais de 10 vezes menos de potência no transmissor com relação à transmissão analógica, oque baratearia muito a possibilidade de fazer rádio, já que a parte de potência do transmissor é a parte mais cara do mesmo (por exemplo, em vez de usar um transmissor de 1kW para se cobrir uma cidade de média a grande, poderá ser possível usar somente 100W para a mesma área de cobertura). Utilizando-se o DRM, no qual já existem implementações em software de referência tanto da modulação quanto da demodulação (tanto do codec de audio, que é o AAC), acredito que em pouco tempo o custo de um transmissor nesse padrão saia o mesmo que o de um transmissor analógico de mesmo alcance, utilizando-se plataformas de SDR (Software Defined Radio) baratas como a USRP (Universal Software Radio Peripheral) para montar o modulador dos transmissores, portanto as rádios comunitárias e livres serão fortemente beneficiadas pela digitalização do rádio com o padrão DRM. O mesmo não aconteceria com o padrão HD Radio, no qual somente uma empresa (Ibiquity) detêm a tecnologia do mesmo e dificilmente surgiriam moduladores/excitadores baratos (no Brasil, seria dificil conseguir se fazer um modulador HD Radio, mesmo pela indústria de ponta nacional). O texto com a notícia do evento versa sobre como o sistema digital é muito mais caro - realmente, os preços citados podem ser uma verdade hoje, mas em poucos meses os valores citados na reportagem irão cair em muito, em torno de 5 a 10 vezes ou mais. Creio que com aproximadamente U$5000, hoje, se monte um transmissor DRM+ com saída de 100W (sendo montado com partes de qualidade, mas não homologado, obviamente)- Em suma, para quem é da área, USRP+WBX+Pre. Amp + Amp. linear. Enfim, a esquerda vem cometendo o mesmo erro que se passou a 4 anos, quando da escolha do padrão de TV Digital, enquanto em vez de se apoiar um padrão bem estabelecido, como o DVB, ficou-se batendo o pé para se criar um sistema brasileiro de TV Digital e oque aconteceu??? A Globo colocou o Hélio Costa no ministério das Comunicações e escolheu o padrão ISDB-T, japonês, usado somente no Japão, como o padrão de TV Digital brasileiro. A hora é agora de defender o DRM - nós, de rádios livres e que não nos enquadramos como essa esquerda que para nós não passa de um outro lado de uma mesma moeda - temos que defender um padrão possivelmente mundial, gerido por um consórcio aberto, e que atende a todas as necessidades brasileiras, incluindo transmissão de vídeo para ensino a distância para áreas isoladas do Brasil, transmissão de textos, imagens e websites auto-contidos, informações de meteorologia, som 5.1 surround, dentre outros recursos e serviços que o DRM já incorpora. Vai DRM - Digital Radio Mondiale !!!
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